Há bem pouco tempo atrás a sociedade como um todo reprimia a sexualidade de tal forma que as pessoas faziam um grande investimento no vínculo afetivo. As relações eram mais duradouras, embora não signifique que eram felizes. Águas rolaram e fomos conquistando pouco a pouco a liberdade de expressão para uma sexualidade saudável, prazerosa e sem tanta culpa. Incrivelmente, quando parecia que iríamos conseguir juntar o prazer sexual com a satisfação afetiva, temos encontrado agora uma outra grande dificuldade: Conseguir encontrar nossa “cara metade” e estabelecer um vínculo afetivo.
Parece que está cada vez mais difícil. As pessoas se encontram, se atraem, se relacionam sexualmente e… Acaba. Onde foram parar aqueles momentos de interação não só física, mas mental e espiritual? Onde está o prazer de descobrir o outro, de ter alguém ao lado para todas as situações e não só as sexuais? Onde está aquele casal que sentia prazer em ficar juntinho, compartilhando seus momentos mais importantes e menos importantes também; em poder encostar a cabeça no ombro do outro e sentir o cheiro inconfundível daquele que se ama? Parece que atualmente encontramos as pessoas recuadas, com medo de se entregar , de se apaixonar e de viver uma das maiores experiências do ser humano: Amar e ser amado(a).
Muitos acreditam que a vida vivida sem compromisso e envolvimento é melhor. Será mesmo? Porque então encontro pessoas tão infelizes, com sentimentos variados de “vazio” e tentando encontrar “fórmulas mágicas” para estarem com alguém por inteiro? Pessoas que querem relacionamentos mais duradouros e que vão além da atração e satisfação física. Mulheres que me perguntam porque os homens se afastam quando percebem que elas estão se “envolvendo” e homens que dizem não saber lidar com esta “nova” mulher independente financeiramente, profissionalmente e também sexualmente. Quando vamos a lugares comuns , como bares por exemplo, encontramos grupos de mulheres e grupos de homens. Poucos se “misturam”. Estão isolados, cada um envolvido com seus próprios sentimentos. Sentimentos muitas vezes sufocados e reprimidos. Individualizados. Quem está com medo de quem? Quem está inseguro, sem direção e considerando suas “investidas” frustradas? Será que a culpa é apenas dos homens que “só” querem sexo? Ou das mulheres que estão bem mais exigentes e perdoando pouco as falhas? Honestamente, será que precisamos de culpados? Talvez se soltássemos as “amarras” em que nos aprisionamos e começássemos a ver o outro com menos cobrança e a exigência de que já venha “pronto”, pudéssemos propiciar mais encontros e menos desencontros.
O ser humano é um ser sociável, que vive em grupos e que sente necessidade de estar junto a alguém. Você pode gostar de estar alguns momentos ou até uma fase de sua vida só, mas com certeza ninguém deseja que isto seja eterno. Temos medo de sofrer? Claro, e é muito justo, principalmente quando já vivemos relacionamentos decepcionantes e que deixaram marcas. E o que faremos? Vamos fingir que somos auto-suficientes e que o outro não faz falta? Vamos nos enganar considerando que sentimentos como amor, carinho, respeito, companheirismo não são importantes nem fundamentais? É conhecido e notório que o ser humano teme o novo. Tudo aquilo que é desconhecido causa ansiedade e medo. Se arriscar e sair do lugar comum que são os relacionamentos superficiais e sem maiores “responsabilidades” têm sido uma empreitada de desafio para poucos.
Mas vejam só, eis nossa grande oportunidade: fazer com que o desconhecido se transforme em tentativas e que estas tentativas possam resultar em experiência; de preferência bem-sucedida. Mas se não for um sucesso, será nossa chance de podermos abrir espaço para que o outro se mostre e nos surpreenda com o que mais desejamos e que pode preencher nosso corpo, coração e alma: Sermos desejados e amados plenamente, sem medo de sermos felizes!!