Como é possível que, em pleno século XXI, um tema ligado à sexualidade ainda possa causar desconforto? Pois é! Se perguntarmos para 10 homens se masturbaram-se ou ainda se masturbam, 10 responderão que sim. No entanto, se perguntarmos para o mesmo número de mulheres, 2, no máximo 3 dirão que praticaram ou que ainda praticam a masturbação.
Quando pergunto para minhas pacientes sobre isso, tenho as mais variadas respostas: Não, nunca!; Imagine, eu não!; Não acho certo, principalmente se tenho parceiro!; Pra quê? Não sinto nada!; Isso é necessidade de homem!; Não sei, acho estranho! E por aí vai…O mais incrível é elas quererem que seus parceiros saibam como, quando e onde tocar para proporcionar-lhes prazer, quando elas mesmas não sabem.
Então pergunto: Como podemos ensinar, pedir, mostrar o que queremos para alguém, se nós mesmas não soubermos? É muito cômodo esperarmos e desejarmos que o parceiro venha com um manual ilustrado e adivinhe exatamente o que queremos. Mas isso acontece sempre? Claro que não!! E sabem porquê? Porque cada mulher é única em suas sensações e zonas erógenas. Algumas se excitam muito com toque nas mamas, outras nem tanto. Umas adoram beijos no pescoço, outras sentem “cócegas”, e língua na orelha, então! Umas amam, outras odeiam. Aquele pontinho básico e com única função, o prazer (o clitóris)? Algumas gostam do toque mais rápido e intenso, outras preferem mais lento e suave.
E onde os homens ficam com tudo isso? Perdidos!! Ou então achando que mulher é tudo igual, onde uma sente, todas sentem. Eles fingem que sabem exatamente como excitá-las e elas fingem que estão tendo orgasmos múltiplos. Sabem onde isso pode acabar? Em disfunções sexuais, como: Inibição do desejo sexual, anorgasmia, etc. E, claro, um relacionamento “pobre” em prazer e satisfação sexual.
Não podemos desconsiderar toda a repressão sexual sofrida pelas mulheres ao longo de sua existência; a educação castradora, a cultura, a religião… Todos esses aspectos interferem e contribuem para que a mulher não se sinta à vontade com seu próprio corpo, como se tivessem fazendo algo errado. Isso sem contar que na infância, muitas vezes, se inicia essa repressão sexual. Quem, quando criança tocando a vagina ou mesmo colocando a mão dentro da calcinha, nunca ouviu frases como esta: Tire já a mão daí! Menina bonita não põe a mão aí! Isso é muito feio e sujo! Muitas vezes a repreensão não era apenas verbal, e sim, com agressão física. É justificável que muitas mulheres ainda sofram com essa dificuldade.
Mas e aí? O que vamos fazer?! Ficar sentadas, esperando o príncipe encantado de cavalo branco e manual sexual na mão? Vamos viver meses, anos com alguém sem ter tido a chance de dar e receber prazer? Sem reconhecer o próprio corpo e buscar toda satisfação que ele é capaz de proporcionar? Se imaginem com o parceiro, você toda sexy, gostosa, dizendo para ele: Amor, gosto tanto quando você me acaricia assim… assado… Coloque sua língua aqui, passe sua mão lá… Esfregue o seu corpo desse jeito (e mostre para ele como). Meninas, eles vão amar!! E, se por acaso ficarem ressabiados, com “ataques” machistas, achando que você estão muito “moderninhas”, está na hora de pensar se o príncipe encantado não virou sapo e não te merece! É SEU corpo e a responsabilidade de seu orgasmo é principalmente sua.
Portanto, no próximo banho, capriche no toque, feche os olhos e perceba o que sente, quais são as partes prediletas e onde a excitação fica maior, sem medos, culpas ou preconceitos. Depois é só transferir o conhecimento para seu par, beijar na boca e ser feliz!!